coordenação de Pedro Godinho
Rosalia de Castro – Negra Sombra
Rosalia de Castro – Negra Sombra
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Em tudo estás e tu és tudo,
Pra mim e em mim mesma moras,
Nem me abandonarás nunca,
Sombra que sempre me assombras.
Negra Sombra
Ainda Rosalia,
sempre Rosalia...
sempre Rosalia...
Dele faz parte o poema “Negra Sombra”, que pela sua força e beleza é lido, declamado e cantado por muitos. Foi primeiro musicado pelo compositor e músico galego Xoán Montés Capón que o associou ao alalá, canto popular galego arrítmico considerado por muitos como a forma mais antiga e característica da música tradicional galega.
Negra Sombra
Cando penso que te fuches,
Negra sombra que m’asombras,
Ó pé d’os meus cabezales
Tornas facéndome mofa.
Negra sombra que m’asombras,
Ó pé d’os meus cabezales
Tornas facéndome mofa.
Cando maxino que’ês ida
N’o mesmo sol te m’amostras,
Y eres a estrela que brila,
Y eres o vento que zóa.
N’o mesmo sol te m’amostras,
Y eres a estrela que brila,
Y eres o vento que zóa.
Si cantan, ês tí que cantas,
Si choran, ês tí que choras,
Y-ês o marmurio d’o río
Y-ês a noite y ês a aurora.
Si choran, ês tí que choras,
Y-ês o marmurio d’o río
Y-ês a noite y ês a aurora.
En todo estás e ti ês todo,
Pra min y en min mesma moras,
Nin m’abandonarás nunca,
Sombra que sempre m’asombras.
Pra min y en min mesma moras,
Nin m’abandonarás nunca,
Sombra que sempre m’asombras.
in Follas Novas (1880)
Negra Sombra
Quando penso que te fuches,
Negra sombra que me assombras,
Ò pé dos meus cabeçales
Tornas fazendo-me mofa.
Ò pé dos meus cabeçales
Tornas fazendo-me mofa.
Quando magino que és ida,
No mesmo sol te me amostras,
I eres a estrela que brila,
I eres o vento que zoa.
No mesmo sol te me amostras,
I eres a estrela que brila,
I eres o vento que zoa.
Si cantam, és ti que cantas;
Si choram, és ti que choras;
I és o marmúrio do rio
I és a noite i és a aurora.
Si choram, és ti que choras;
I és o marmúrio do rio
I és a noite i és a aurora.
Em todo estás e ti és todo,
Pra min i em mim mesma moras,
Nin me abandonarás nunca,
Sombra que sempre me assombras.
Pra min i em mim mesma moras,
Nin me abandonarás nunca,
Sombra que sempre me assombras.
in Folhas Novas, edição da AGAL - Associaçom Galega da Língua
Negra Sombra
Aqui ficam duas interpretações de Negra Sombra, para ouvir e voltar a ouvir vezes sem conta:
A da asturiana Luz Casal sente-se na pele e faz chorar de emoção:
A da asturiana Luz Casal sente-se na pele e faz chorar de emoção:
Igualmente tocante é a do músico galego Bibiano:
Folhas Novas pode ser encomendado (10€ mais envio) na Imperdível, a loja electrónica da Associaçom Galega da Língua, em http://www.imperdivel.net/.
«Ediçom e notas de Elvira Souto, prólogo de F. Salinas Portugal. Estamos ante uma poética que afunda nos sentimentos, na saudade e que tem frequentemente, por horizonte, a fronteira do próprio ser.
O achegamento a umha obra como Folhas Novas, está sempre cheo de riscos; o primeiro deles advém a escrever um discurso sobre os múltiplos discursos que sobre Rosalia se fixérom, o outro existe se pretendemos conferir-lhe ao nosso discurso um valor universalizante do que nós queremos ficar à marge.
É a nossa umha leitura "individual", o fruto de um diálogo enormemente gratificante com a própria obra rosaliana
Num começo o poemário concebeu-se como uma continuação de Cantares Gallegos: 40% dos poemas de Follas Novas têm afinidade com o texto publicado em 1863, enquanto o restante das composições apresentam um diferente espírito poético motivado pelo afastamento da terra, as desgraças familiares e as doenças físicas e morais.»
Notícias (lidas no Portal Galego da Língua)
A cantora galega Ugia Pedreira apresentou esta semana em Portugal, no Porto e em Braga, o seu livro-disco-poemário Noente Paradise.
Hoje, dia 29, às 22 horas, dá um concerto na Casa da Música, no Porto.
Noente Paradise é «umha viagem polos mares do norte desde a entranha. Noente está nas praias do interior, segundo se passa por Cuba e se volta, sempre, a Galiza, à repetiçom da quotidiania delirante». «O paraíso está no vaivém contínuo da palavra ao som e do som ao texto».
O livro-disco pode ser encomendado através da Imperdível, a loja electrónica da AGAL – Associaçom Galega da Língua.
Dia 27 deste mês teve lugar em Santiago de Compostela o lançamento da obra magna de Daniel Castelão, Sempre em Galiza, com intervenções de Miguel Penas (editor), Fernando Corredoira (responsável pela adaptação) e os autores de dois dos prólogos, Francisco Rodríguez e Camilo Nogueira.
A edição é da ATRAVÉS|EDITORA, com adaptação para a norma internacional portuguesa de Fernando Corredoira, o qual contou com a colaboração de Ernesto Vásquez Souza para as notas.
Segundo Miguel Penas, vice-presidente da AGAL e director da ATRAVÉS|EDITORA, Sempre em Galiza é a obra que compila e mostra a amplitude do pensamento político de Castelão e «um dos alicerces ideológicos em que se apoiou o nacionalismo galego para se reconstruir após a barbárie fascista que começou no ano 1936, e da qual ainda hoje padecemos conseqüências bem diretas na Galiza».
O livro é acompanhado duma separata, Sempre Castelao – Sete achegas a Castelao e ao Sempre em Galiza, com textos demonstrativos da herança política que Castelão deixou ao povo galego.
O livro pode ser encomendado através da Imperdível, a loja electrónica da AGAL – Associaçom Galega da Língua.
NO ESTROLABIO, AMANHÃ É DIA DE CARVALHO CALERO!
"O galego ou é galego-português ou é galego-castelhano não há outra alternativa."
“Umha língua tam ameaçada como o galego nom pode sobreviver senom apoiando-se nas demais formas do sistema, quer dizer, reintegrando-se no complexo luso-galaico do qual geneticamente forma parte [...] O galego ou é galego-português ou é galego-castelam nom há outra alternativa. [...] Umha concórdia ortográfica, quando menos, e umha inteligência na opçom das formas lingüísticas que integrariam, sem prejuízo das peculiaridades do galego, o veículo geral de comunicaçom, seriam indispensáveis./ Deste jeito, seríamos o que somos, voltaríamos a ser o que fomos: o romance mais ocidental, nom esnaquizado em dous anacos isolados, senom reintegrado numha unidade sistemática que nom exclui a autonomia normativa” [...] “Alguns demagogos querem manter este estado de alienaçom, e rejeitam como artificiosas as formas restauradas. Comovedora homenagem de ignorância ou fanatismo ao mito do galego popular, se nom se trata de uma maquiavélica manobra encaminhada a fazer impossível a supervivência do galego.”
(“Sobre a nossa língua”, em Problemas da Língua Galega, Sá da Costa Editora, 1981, pp. 19-21, conferência no Clube Linguístico da Crunha, 7 fevereiro 1979)