Anos após anos na Galiza, como em Portugal, a miséria e falta de trabalho criaram sucessivas vagas de emigração
“… porque é preferível emigrar para ganhar a vida, do que morrer à fome no torrão nativo…”
(Daniel Castelão, Sempre em Galiza, 1935)
Rosalia de Castro (1837 –1885)
Cantar da emigração
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Tens em troca órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai
Coração que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará
Cantar de Emigração (por Adriano Correia de Oliveira)
País marcado pela terra e pelo mar, assim também os seus trabalhadores
Manuel Colmeiro, A sega da herba
Manuel Maria (1929-2004)
O labrego
Un labrego tan só é unha cousa
que case non repousa.
Da sementeira a seitura,
pasando pela cava,
a súa vida é moi dura
e moi escrava.
Sempre trafegando,
arando,
sachando,
malhando,
gadanhando,
percurando o gando.
Sempre a olhar pró ceo
com medo e com receo.
Sempre a sementar ilusión
ponhendo na semente o corazón
pra colheitar probeza e mais tristura.
Dilhe ao labrego da beleza
da campía,
da súa fermosura
e poesia.
Dírache que sí,
que a beleza pra tí.
Pró labrego é o trabalho
o andar tocado do caralho,
o pan mouro i o toucinho.
(Múdanse de calzado ou de traxe
cando van de viaxe,
de feira ou de romaxe
e xantan, eses días, pulpo e vinho);
os eidos ciscados, minifundiados
que quér decir atomizados);
o matarse sachar de sol a sol
pra lograr seis patacas
com furacas,
catro grãos de centeo i unha col;
o dobregarse sobor dos sucos
pra pagar gabelas e trabucos;
o vivir entre esterco i animales
en chouzas case inhabitabeles.
I aguantar, aguanta e aguantar,
Agardando morrer pra descansar.
Canto de seitura (Fuxan os Ventos)
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