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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sempre Galiza! – wiki-faq AGAL (8) : Questões linguísticas – Teoria – Léxico e gramática


publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho


wiki-faq do reintegracionismo

( http://agal-gz.org/faq/ )




Teoria

Léxico e gramática


Desapareceriam as palavras galegas se triunfassem as vossas posturas?


As palavras galegas levam séculos a desaparecer substituídas polas castelhanas. Desaparecem sobretudo aquelas palavras que, por serem mui diferentes das castelhanas, dificultam a comunicaçom com falantes de castelhano ou falantes de galego mui castelhanizados. Palavras como porto, pequeno, castelo ou terra som parecidas às correspondentes castelhanas e nom criam obstáculos à comunicaçom. As que nom tenhem essa “sorte” caem em desuso e mesmo recebem a alcunha de estrangeiras (lusismos) ou invenções: segunda-feira, bochecha, polvo, acanhado, alfaiate ou armadilha. Como escreveu, na revista Nós, a linguísta alemá Margot Sponer:

Cantas veces por empregar eu as verdadeiras formas galegas tomáronme por portuguesa!1)

A estratégia reintegracionista promove a revitalizaçom do léxico perdido ou moribundo como é o caso paradigmático dos dias da semana bem como preencher as nossas lacunas lexicais, nom com o castelhano, mas com as outras variedades do nosso sistema lingüístico. É o caso das realidades modernas, aquelas aparecidas desde que acabou a idade média.

Para saber mais ver este dicionário de pretensos lusismos.

Para aprofundar sobre a natureza do léxico na Galiza recomendamos:

    Quando existem palavras galegas, porque usades as portuguesas?


    Essa oposiçom entre palavras galegas e portuguesas é menos comum do que podas pensar. Acontece que é relativamente fácil delimitar o que é umha palavra castelhana e umha inglesa. Podes experimentar aqui.

    Ora, para delimitar entre as palavras que usamos habitualmente na Galiza quais som castelhanas e quais nom o som nom chega com um olhar superficial. A similitude entre a nossa língua e a castelhana é bastante grande e, se a isso unimos o interiorizada que temos a segunda delas, torna-se difícil a olhos nus discernir o castelhanismo.

    Assim sendo, o que acontece a maioria das vezes é usarmos palavras da nossa língua para denominar realidades que outras pessoas denominam com palavras castelhanas: roçadora (para desbrozadora), maçarico (soplete), debulhadora (para cosechadora), colapso (pájara), cadeirom (sillón), mola (muelle) ou cartom (tarjeta).

    Seja como for, quando existem palavras galegas de escasso uso no resto da lusofonia, fazemos uso delas como podes testar com aginha, avondar ou argalhar.

    Queredes que as pessoas falem com ‘lusismos’?


    Os galego-falantes já falam com lusismos o dia todo, essencialmente porque falam a mesma língua que os portugueses e as portuguesas.

    Importante seria desvendar o que é um lusismo. Socialmente tende a usar-se esta denominaçom para toda palavra galega sentida como pouco natural, inventada ou trazida de Portugal: Galiza, polvo, estrada, prato, até ou geonlho seriam lusismo. Em geral, aplica-se a palavras galegas que caíram em desuso. Assim sendo, qualquer palavra galega tem a hipótese de se tornar um lusismo. Pode acontecer que algum dia o sejam palavras como onte, sorte ou “se quadra” dada o uso extenso que hoje temos de aier, suerte ou ao melhor/quiçá.

    Desde o galego autonomista tacha-se de lusismo muitas palavras que na verdade som formas genuínas para designar realidades que na Galiza costumamos nomear com a forma castelhana. Isto é mais evidente no caso das realidades modernas, como o léxico de roupa (cachecol para o castelhano bufanda), transportes (carro/coche), construçom (betom/hormigón), eletrónica (cabo/cable), judicial (sentenciar/fallar) ou desportos (cesto/canasta).

    Desenho de Suso Sanmartin na revista De troula

    Por que usades palavras que já nom se usam ou nunca se usárom?


    Porque para nós o galego é 1) umha língua, 2) oficial em vários países.

    O facto de ser umha língua implica que quando tem palavras genuínas para nomear realidades nom tem muito sentido promover as que som próprias de outra língua, precisamente a que está a substituir a nossa. Fazer isto implicaria que nom possuímos umha língua mas umha variante do castelhano.

    Que se pode fazer evidenciam-no palavras como Deus, século, ata/até, povo ou dúvida, todas elas substituídas polas formas correspondentes castelhanos mas às quais hoje ninguém nega o estatuto de galegas.

    O facto de ser umha língua que excede os limites do estado espanhol implica que para aquelas palavras que entrárom nas línguas na idade moderna e na contemporânea, temos umha soluçom genuína em Portugal ou no Brasil.

    Que se pode fazer evidenciam-no palavras como autoestrada, para-lamas, quadro de pessoal, altofalante ou plataforma, que som promovidas desde a oficilidade em lugar das correspondentes castelhanas2).

    Em resumo, o que promovemos para Galiza é o mesmo que outras entidades promovem para Valência ou para o espanhol dos estados Unidos.

    1) “Algunhas notas dos meus estudos sobre filoloxía galega”, NÓS, no 37, 1927
    2) autopista, guardabarros, plantilla, altavoz e andén

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