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terça-feira, 29 de março de 2011

Sempre Galiza!- Daniel Castelão: língua e nação


publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho




Afonso Daniel Manuel Rodrigues Castelão nasceu a 30 de Janeiro de 1886, em Rianxo, Galiza, e morreu a 7 de Janeiro de 1950, em Buenos Aires, Argentina.


Artista, escritor e político é considerado um dos fundadores do nacionalismo galego.

Foi-lhe dedicado o 2º Dia das Letras Galegas, em 1964 (o 1º, em 1963, tendo sido dedicado à “gigante” Rosalia de Castro).

Aos três meses de idade emigrou para a Argentina de onde regressou à Galiza. Estudou Medicina na Universidade de Santiago de Compostela. Depois dum curso de doutoramento em Madrid, entre 1909 e 1910, especializou-se em obstretícia, em 1910, em Santiago de Compostela, após o que se instalou na sua terra natal, Rianxo.

Em 1926 foi nomeado académico da Real Academia Galega.


Em 1931 foi eleito deputado pela Organização Republicana Galega Autónoma (ORGA) para as Cortes Constituintes da Segunda República Espanhola e participou na constituição do Partido Galeguista.

Desterrado para Badajoz em 1934, foi novamente eleito deputado em 1936 na lista da Frente Popular e protagonista da campanha pelo sim ao Estatuto de Autonomia da Galiza, aprovado em plebiscito.


O golpe de estado franquista apanha-o em Madrid. Exilou-se no México, depois Nova Iorque e, finalmente, em Buenos Aires. Pertenceu ao governo republicano no exílio presidido por Giral (1946).

Em 1944 publicou Sempre em Galiza, ligando literatura e teoria do galeguismo, considerada uma obra capital do nacionalismo galego.

Foi o primeiro presidente do Conselho da Galiza, o governo da nação no exílio.


Ao longo da vida, teve também uma intervenção activa na vida cultural, literária e artística da Galiza e dos círculos galegos, deixando obra importante desde o desenho à narrativa, passando pelo ensaio.

Além da escrita, interessou-se pelo desenho e a pintura, em especial pela caricatura. Em 1908 expõs os seus desenhos pela primeira vez, em Madrid. Realizou diversas exposições, fundou e colaborou com várias publicações e fez múltiplas conferências.

Defendeu, em numerosas ocasiões, a importância da língua na identidade e a unidade linguística galego-portuguesa.

«Nengum idioma alheio -por ilustre que seja- poderá expressar em nome do nosso os íntimos sentimentos, as fundas dores e as perduráveis esperanças do povo galego; se ainda somos diferentes e capazes de existir, nom é mais que por obra e graça do idioma. Velaí porque o autor dum livro sempre será um patriota e porque os que refugam a nossa fala nom som dignos de chamar-se galegos, porque desprezam o cerne da democracia e cegam as melhores fontes de criaçom.»
«Nengum galego culto deve consentir que a fala do seu povo -umha fala de príncipes, que ainda é senhora em Portugal e Brasil- seja escrava no pátrio lar, sem direito a ir à escola nem a apresentar-se como igual do castelhano.»
«...a nossa língua está viva e floresce em Portugal, falam-na e cultivam-na mais de sessenta milhões de seres que, hoje por hoje, ainda vivem fora do imperialismo espanhol.» 
«Desejo, ademais, que o galego se acerque e confunda co português» 
«As palavras castelhanas, em boca de galegos, som quase sempre palavras envilecidas, incapazes de ressoarem na consciência dos autênticos galegos; pero tamém hai consciências envilecidas por complexos de inferioridade, só capazes de admiraçom anteposes decorativas e linguagens de teatro. E já é hora de dizer que Galiza será forte em Espanha quando se negue a falar castelhano e fale fortemente a sua língua. Um galego pode falar o castelhano com o mesmo interesse com que fala qualquer outra língua estrangeira; pero em quanto um galego fale o castelhano como língua própria deixa de ser galego sem que por isso chegue a ser castelhano.» 
«Estamos fartos de ser umha colónia» 
«Nom esqueçamos que se ainda somos galegos é por obra e graça do idioma.» 
«O problema do idioma em Galiza é, pois, um problema de dignidade e de liberdade; pero mais que nada é um problema de cultura.»

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